Dezenove pessoas foram detidas durante protestos nesta terça-feira (11).
Grupo interditou vias, pichou ônibus e vandalizou o do Metrô.
Kleber Tomaz
Do G1 São Paulo
Manifestantes contra o aumento das tarifas protestam em São Paulo. (Foto: Fabio Braga/Folhapress)
Dez pessoas detidas durante a manifestação contra o aumento das tarifas, realizada na noite desta terça-feira (11) na região central de São Paulo, irão responder por dano ao patrimônio e formação de quadrilha. O terceiro protesto contra os reajustes no transporte público deixou 19 detidos, cinco policiais militares feridos e muita depredação.
Treze manifestantes permaneciam presos na manhã desta quarta-feira (12), segundo a Secretaria da Segurança Pública. Os detidos participaram da manifestação que voltou a ocupar ruas e avenidas da região central de São Paulo durante aproximadamente seis horas nesta terça-feira. Ônibus foram pichados e parcialmente queimados, agências bancárias tiveram portas quebradas e o o a uma estação do Metrô foi alvo de vândalos.
Detidos em manifestação contra tarifas em 11 de junho | ||
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Delegacia | Número de presos | Acusações que respondem |
78º DP | Nove detidos | dano ao patrimônio e formação de quadrilha (sem fiança) |
78º DP | Um detido | dano ao patrimônio, formação de quadrilha e provocar incêndio (sem fiança) |
78º DP | Um detido | dano ao patrimônio (teria quebrado vidros do Metrô), com fiança arbitrada em R$ 20 mil |
78º DP | Seis detidos | pichação, desacato à autoridade, fechar vias e jogar objetos contra prédios e ônibus. Já liberados |
1º DP | Dois detidos | dano qualificado, desacato à autoridade e lesão corporal, com fiança de R$ 3 mil arbitrada |
* Informações da Secretaria da Segurança Pública |
Dezessete detidos foram levados para o 78º Distrito Policial, nos Jardins. Seis deles, incluindo um adolescente, foram liberados durante a madrugada. Onze permaneciam detidos nesta manhã. Um irá responder por dano ao patrimônio, pois teria quebrado os vidros da estação Trianon do Metrô, e teve a fiança arbitrada em R$ 20 mil.
A polícia diz que o valor foi estipulado levando em conta o prejuízo provocado. Um funcionário do Metrô declarou na delegacia que os danos, só nesta estação, chegam a R$ 15 mil.
Dez dos presos irão responder por dano ao patrimônio e formação de quadrilha. Como, somados, os crimes superam os quatro anos de pena, a polícia não pode arbitrar fiança, apenas a Justiça. Entre eles, há uma mulher e um homem com curso superior. A mulher deve ser transferida para o 89º DP, no Portal do Morumbi, e os homens ao 2º DP, no Bom Retiro. Depois, todos devem ser levados para Centros de Detenção Provisória (CDPs).
Por volta das 10h, três dos manifestantes deixaram o 78º DP rumo à delegacia no Bom Retiro. Um deles tentou dar um chute em um fotógrafo que registrava a transferência. Questionado pelos jornalistas se tinha provocado algum dano durante o protesto desta terça-feira, ele respondeu apenas: “me respeita”. O jovem de 26 anos é jornalista e foi ele que teve a fiança estipulada em R$ 20 mil, segundo a polícia.
Outras duas pessoas foram levadas, após a manifestação, para o 1º DP, na Sé, suspeitos de dano qualificado, desacato à autoridade e lesão corporal, segundo a secretaria. A polícia arbitrou fiança de R$ 3 mil para cada um deles, que também foram levados para o 2º DP enquanto não pagam o valor. A informação inicial era que 20 pessoas tinham sido presas, mas a secretaria informou, nesta manhã, só ter confirmação de 19 detidos.
A polícia diz que nenhum detido tinha sido preso em manifestações anteriores ou tinha agem pela polícia.
Feridos
Oito PMs ficaram machucados no confronto com os manifestantes, segundo balanço da corporação. Uma policial chegou ao 78º DP durante a madrugada com o braço imobilizado. Ela levou uma paulada, como informou o Bom Dia São Paulo. Um outro soldado estava com a cabeça enfaixada porque foi atingido por uma pedrada.
Segundo o tenente-coronel Marcelo Pignatari, outras duas pessoas foram atropeladas por um automóvel que forçou a agem após o bloqueio de uma das vias. O atropelador fugiu e não havia informações sobre essas vítimas até as 9h45 desta quarta.
Na manhã desta quarta-feira, o Terminal Parque Dom Pedro, no Centro, um dos mais atingidos pela depredação, funcionava normalmente. As 70 linhas operavam, segundo a SPTrans. O Metrô também operava sem restrições. Vidros da estação Trianon-Masp, que foram quebrados, acabaram substituídos por tapumes.
A PM estima que 5 mil tenham participado dos protestos. Cerca de 400 homens da corporação foram destacados. Este é o terceiro dia de manifestações convocadas pelo Movimento e Livre. Na semana ada, os protestos também terminaram em vandalismo, confronto com a polícia e prisões.
Horas de protesto
A manifestação começou por volta das 17h na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os manifestantes desceram a Rua da Consolação em direção ao Centro. Eles tentaram fechar o Corredor Norte-Sul, uma das principais vias da cidade, mas a Polícia Militar impediu o avanço do grupo em direção à Avenida 23 de Maio.

Paulista. (Foto: Francisco Freitas/VC no G1)
O grupo, então, se dirigiu à Praça da Sé e ao Parque Dom Pedro. Segundo a PM, houve confronto quando manifestantes tentaram entrar no terminal de ônibus para depredar veículos. A polícia atirou bombas para dispersar manifestantes na Praça da Sé. Apesar da ação da polícia, a multidão deixou um rastro de pichações e destruição em agências bancárias, ônibus, prédios públicos e privados.
O grupo de manifestantes se dividiu e ou a realizar protestos simultaneamente na região da Paulista e na região central. Foram quase seis horas de protesto nesta terça. Os manifestantes só dispersaram pouco antes das 23h, quando houve um último confronto com a PM e começou a chover na região da Paulista.
“Acredito que foi o dia mais violento, pela intensidade e pela animosidade dos manifestantes, o ânimo deles, desde o início, de insultar os policiais”, afirmou Pignatari. Segundo o oficial, os manifestantes atiraram fogos de artifício e coqueteis molotov contra os policiais. “Pessoas que querem defender uma ideia contra o aumento da tarifa não trazem esses órios.”
Um integrante do Movimento e Livre que se identifica apenas como Marcelo disse que os ataques começaram após a repressão policial contra os manifestantes no Parque Dom Pedro. “Antes disso, houve alguns pequenos focos de conflito sem importância. Não teve nada disso antes de a polícia iniciar a repressão”, afirmou.
De acordo com ele, o movimento se dividiu em vários grupos e ou a atuar sem um comando central. Ele disse que O MPL não assume a responsabilidade pelos ataques a ônibus e prédios públicos. “Com mais de 15 mil pessoas, não dá para controlar.”





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