Manifestação em BH é marcada por confusão entre jovens e PM

Bombas de gás, balas de borracha e pedras foram usadas no confronto.
Protesto reuniu mais de 20 mil pessoas, segundo a PM.

Humberto Trajano e Raquel Freitas

Do G1 MG

Policial bate com cacetete em homem na Avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte (Foto: Reprodução/TV Globo)

Policial bate com cacetete em homem na Avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte (Foto: Reprodução/TV Globo)

Balas de borrachas, bombas de gás lacrimogêneo e pedras marcaram a manifestação, que reuniu 20 mil pessoas nesta segunda-feira (17), em Belo Horizonte. O protesto começou na Praça Sete, no centro da cidade, e seguiu a pé até as imediações do Mineirão, em um trajeto de cerca de dez quilômetros. Houve confronto entre policiais e ativistas, próximo ao campus da UFMG. Duas pessoas ficaram feridas durante o ato, mas sem gravidade, segundo os hospitais. Uma delas caiu do viaduto São Francisco.

Protesto segue na Avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte (Foto: Humberto Trajano/G1)Protesto segue na Avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte (Foto: Humberto Trajano/G1)

A manifestação andava pacificamente pela Avenida Antônio Carlos, e o objetivo era protestar no Mineirão, na Pampulha. Na chegada ao campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Avenida Antônio Carlos, a polícia fez uma barreira para impedir o avanço dos manifestantes para a Avenida Abraão Caram, que dá o ao Mineirão, antes do limite do perímetro estabelecido pela Fifa. No estádio, jogavam Taiti e Nigéria pela Copa das Confederações.

Segundo a organização do movimento, policiais atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra a multidão à distância. Houve confusão e várias pessoas tiveram que se abrigar dentro do Exército, que fica na avenida. Um grupo de protestantes protegeu a comandante da Polícia Militar, coronel Cláudia Romualdo, que estava mais afastada da barricada militar.

O tenente-coronel Alberto Luiz, chefe da comunicação da PM, disse que manifestantes atiraram pedras contra os policiais que estavam na barricada, antes do limite estabelecido pela Fifa. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. A Tropa de Choque e a Cavalaria também estavam na barricada.

Minutos depois, um grupo de manifestantes tentou invadir o campus da UFMG, e um novo confronto se estabeleceu no local.

Não há informações do número total de feridos em Belo Horizonte.

Início do protesto
Diversas bandeiras, palavras de ordem e causas se misturaram ao protesto. Por volta das 13h, manifestantes, em sua maioria jovens, reuniram-se na Praça Sete. O protesto seguiu de forma pacífica até as imediações do campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Avenida Antônio Carlos. A Polícia Militar (PM) itiu uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, mesmo com orientação do comando para não utilizar este tipo de munição.

De acordo com a estudante Juliana Rocha, uma das pessoas que estiveram à frente do protesto, o movimento é contra os aumentos das agens de ônibus em Belo Horizonte e em outras cidades do país, além de ser a favor do e livre e contra toda forma de injustiça social provocada pelas copas das Confederações e do Mundo. “O movimento é amplo, plural e democrático”, diz.

Manifestação na Avenida Antônio Carlos (Foto: Humberto Trajano/G1)
Manifestação na Avenida Antônio Carlos (Foto: Humberto Trajano/G1)

Da Praça Sete, os manifestantes seguiram pela Avenida Afonso Pena, fechando o trânsito no sentido Pampulha. Em seguida, a eata tomou o viaduto que dá o à Avenida Antônio Carlos. Segundo o estudante Gladson Reis, o objetivo era seguir pacificamente até o Mineirão, onde era realizada a partida entre Taiti e Nigéria, pela Copa das Confederações. No Centro, tudo ocorreu com tranquilidade, mas militares da tropa de choque e da cavalaria já estavam presentes.

A advogada Ingred Pontes, de 23 anos, estava na primeira fila da manifestação durante o início da eata. Além do preço da tarifa do transporte público em Belo Horizonte  (R$ 2,80), outros motivos impulsionaram que a jovem saísse às ruas. Segundo ela, o protesto também era espaço para que ela demonstrasse sua insatisfação com os governos municipal e estadual.

O Leandro Paraíso de 46 anos diz que participou das Diretas Já e do movimento Caras Pintadas. Nesta segunda-feira, com máscara no rosto, ele acompanhou o protesto, carregando um cartaz, que dizia que Minas acordou. ”O gingante adormeceu, mas o filho seu não foge a luta e agora acordou”, diz.

Senhora entrega uma rosa branca a manifestantes em Belo Horizonte (Foto: Raquel Freitas/G1)
Senhora entrega uma rosa branca a manifestantes em Belo
Horizonte (Foto: Raquel Freitas/G1)

Na Avenida Antônio Carlos, alguns manifestantes picharam ônibus, e a multidão respondeu em coro: “sem vandalismo”. De dentro dos coletivos, ageiros manifestavam apoio ao protesto. Uma senhora distribuiu flores brancas aos integrantes da eata e foi recompensada com gritos de “vovó” e “linda”.

Cartazes também demonstravam os pontos de crítica dos participantes. “Da Copa, eu abro mão. Eu quero meu dinheiro na saúde e educação”, “Oh, motorista, oh, trocador, me diz aí se seu salário aumentou” falavam sobre o valor investido nas obras para as copas das Confederações e do Mundo, além da qualidade e do valor do transporte público. Governantes também foram criticados.

Mapa do protesto em Belo Horizonte (Foto: Arte/G1)

Muitas pessoas que estavam na Avenida Antônio Carlos na hora do protesto ficaram perdidas, sem ter como sair do protesto. As linhas de ônibus foram desviadas.

A Secretaria de Comunicação de Minas Gerais disse que a Polícia Militar é a porta-voz do governo do estado durante as manifestações. O Comando da PM disse que vai investigar o uso de balas de borracha, feito por alguns policiais. A polícia ainda garantiu que é a favor do diálogo.

Outras manifestações estão previstas para esta semana em Belo Horizonte e na Região Metropolitana.

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