ACIDENTE E MORTE NA RODOVIA QUE LIGA ANDRELÂNDIA A SÃO VICENTE, NO SUL DE MINAS. RODOVIA AMALDIÇOADA?

Opiniões a parte de quem possa discordar por direito, sempre que alguém morre, seja através de causa natural, seja por acidente ou seja através de assassinato, ouvimos várias pessoas dizerem que aquela pessoa “foi” porque chegou a sua hora. Pode até ser verdade que algumas pessoas têm a sua hora marcada para morrer, hora essa que costuma ser decidida por elas mesmas. Esse negócio de jogar para a fatalidade muitas das nossas ações que poderiam ser evitadas ou praticadas com mais responsabilidade, é a melhor forma de nos omitirmos da realidade cada vez mais gritante nas estradas brasileiras: rodovias mal conservadas, mal construídas e fora das normas gerais de trânsito; motoristas sem experiência na condução de veículos através das autoestradas, dirigindo, muitas vezes, em alta velocidade; motoristas inabilitados guiando carros possantes; motoristas dirigindo veículos sem a mínima condição de transitarem ou sem a devida revisão; e, por fim, motoristas embriagados praticando o crime de estar atrás do volante de um carro.

Na noite de domingo ado, ou seja, ontem, um acidente de carro na saída de São Vicente de Minas, sentido Andrelândia, deixou uma vítima fatal. A vítima fatal foi Débora Pereira, jovem de apenas 24 anos de idade, moradora do Bairro Areão, na cidade de Andrelândia, MG. No veículo, segundo postagem no Facebook da própria jovem morta, estava “seu namorado Diogo e seus amigos Edinho e Charlene”. Segundo a mesma postagem, os demais ocupantes sofreram apenas ferimentos leves e já estão em casa.

Os motoristas da região do Sul de Minas sabem que a Rodovia Presidente Tancredo Neves, ligando Andrelândia a São Vicente, é uma autoestrada de trânsito perigoso. Foi construída aproveitando o leito da antiga rodovia, seguindo um traçado que não se preocupou com a segurança dos veículos nas curvas e muito menos nas retas, subidas e ou descidas. Além do mais, é uma rodovia, segundo especialistas, feita sobre uma base frágil, onde a camada asfáltica da superfície se solta com facilidade quando a pista está molhada, quente e sob trânsito intenso. Quando isso acontece, haja pneus, amortecedores, rodas, rolamentos e borrachas! Para piorar ainda mais a situação dos motoristas que são obrigados a ar por essa rodovia, entre outras em estado lastimável (uma vergonha para o governo de Minas), não existe acostamento nela e, no seu lugar, foram construídas canaletas que eu classificaria de “valetas da morte”.

Vários acidentes fatais já aconteceram nessa rodovia, no trecho de Andrelândia a São Vicente de Minas. Um pequeno e bem cuidado jardim lembra um dos primeiros acidentes, onde um jovem perdeu a vida, numa madrugada, vindo de São Vicente; uma cruz lembra a morte de outro jovem, num acidente a caminho de São Vicente; Até a pouco tempo a mureta quebrada de uma ponte lembrava a morte de três pessoas a caminho, também, de São Vicente.

No entanto, será a autoestrada a única responsável pelos acidentes que andam ceifando vidas, em especial, existências ainda no início da sua formação? Seria essa Rodovia amaldiçoada? Ou será que as pessoas, não acreditando que a fatalidade pode bater em qualquer porta, se esquecem de que a “autoestrada” é muito perigosa, e não tomam os devidos cuidados ao conduzirem, através dela, os seus veículos?

A Débora, uma menina de apenas 24 anos de idade, natural de Resende no Estado do Rio de Janeiro e moradora de Andrelândia, no Estado de Minas Gerais, vem engrossar uma triste estatística do Brasil: o nosso trânsito mata mais de 50.000 pessoas todos os anos. Dessas pessoas, mais de 70% são jovens; desses jovens, a maioria morre por abuso, seja no excesso velocidade, seja no consumo de bebidas alcoólicas.

Talvez esteja na hora da Polícia Militar Mineira, respeitada pelas suas ações e pela sua história, tomar uma atitude mais dura com relação ao trânsito nas cidades da região, verificando as condições dos veículos que trafegam pelas ruas e pelas estradas; verificando, nos finais de semana, a grande quantidade de motoristas que dirigem embriagados, muitos deles, entre jovens e velhos, com os seus veículos parados nas portas dos bares, dando um péssimo exemplo de cidadania; e, finalmente, colocando ordem nas áreas de trânsito intenso.

Que a Polícia Civil possa, também, apurar com rigor as razões desse acidente e se for apurado que a estrada é perigosa, seja enviado ao Ministério Público o inquérito e o Estado de Minas Gerais seja processado. Se for apurado que houve outros culpados, da mesma forma seja feita a justiça.

Que a morte da jovem Débora não seja em vão. Que a sua morte se junte às demais – tão trágicas que deixaram marcas eternas nas suas famílias – e sirva para nos dizer que os automóveis podem, também, ser uma arma perigosa e fatal, principalmente trafegando em rodovias onde as condições de trânsito exigem cuidados especiais dos motoristas. O que não pode continuar é a nossa apatia e o nosso conformismo diante das tragédias e das mortes, creditando-as à fatalidade e aos desígnios de Deus.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: Google e
baiaodeideias.blogspot.com

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