Carioca reconhecido por amigos é encontrado na Cracolândia e diz que sobrevive fazendo bicos

Carlos Eduardo vaga pelas ruas de São Paulo mendigando por drogas

Amigos reconhecem carioca em cracolândia de São Paulo – Reprodução

SÃO PAULO — Carlos Eduardo Albuquerque Maranhão, de 46 anos, o carioca reconhecido por amigos em um vídeo na Cracolândia de São Paulo, apareceu na tarde desta quarta-feira na Rua Guaianazes, no Centro da capital paulista. Estava atordoado, com roupa rasgada e muito sujo. Havia acabado de ser expulso de um restaurante. Aos gritos, em meio a palavrões, pedia R$ 10. Não escondia de ninguém o que faria com o dinheiro.

— Eu preciso comprar heroína. Estou ando mal, preciso de heroína. Me dá dinheiro que eu falo com você — disse à repórter do GLOBO, que negou o dinheiro e ofereceu um suco.

Carlos Eduardo recusou — só pensava na grana para comprar droga na região chamada de “fluxo”, onde os traficantes continuam atuando, agora na Praça Princesa Isabel, a 300 metros de distância de onde ficavam os usuários antes da ação da prefeitura na semana ada, que expulsou pessoas e destruiu uma infinidade de barracas de lona.

O ex-aluno dos colégios Santo Inácio e Bahiense, procurado por um grupo de amigos que não o vê há mais de duas décadas e agora querem ajudá-lo, sumiu entre os usuários. Reapareceu duas horas depois, um pouco mais calmo. Novamente foi abordado, novamente pediu dinheiro.

Ex-aluno do colégio Santo Inácio acaba como morador de rua e usuário de crack em São Paulo – Edilson Dantas / Agência O Globo

Entre gritos, gargalhadas e com o olhar vidrado, parou por alguns minutos e observou no celular da repórter algumas fotos antigas dele que circulam nas redes sociais desde que a mobilização dos amigos de colégio teve início, no último sábado, dia 27 de maio.

— Eu tinha 15 anos quando tirei essa foto, na casa do tio Geraldo, em Búzios, onde aprendi a tocar violão — disse ele, conhecido como Alemão pelos comerciantes da degradada região, ao olhar uma imagem em que toca violão com os cabelos compridos.

Carlos Eduardo vive nas ruas, mas há dois meses dormia num hotel barato. Moradores contam que é opção dele viver assim, e que “é gente boa e não mexe com ninguém”. Quando está de bom-humor, arruma um violão e toca rock, cantando em inglês.

Para sustentar o vício, ajuda os comerciantes locais a transportar encomendas. Na rua onde costuma dormir funcionam lojas de peças automotivas — nelas ele limpa materiais em troca de R$5.

— Você, inclusive, está atrapalhando meu negócio. Vai ter que pagar minha hora — disse.

Pergunta quais amigos deram entrevista ao GLOBO sobre ele, “para conferir se são amigos mesmo”. Sobre sua família, foi categórico: “Não quero saber”.

— Melhor ficar quieto e voltar a falar depois de receber alguma coisa. Tenho muita história pra contar, mas preciso de dinheiro — repetiu, antes de sumir novamente na multidão de usuários.

Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/carioca-reconhecido-por-amigos-encontrado-na-cracolandia-diz-que-sobrevive-fazendo-bicos-21420194#ixzz4ik0Q3JiH
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